quinta-feira, 22 de abril de 2010
Miguel Ângelo / Alexander the Great
Desconfio sempre dos extremos. Os Delfins outra coisa não conheceram durante a sua carreira. Em meados de 90 eram os melhores do mundo: o Rui Fadigas fazia slaps como ninguém, as letras do Miguel Ângelo eram profundas como a Boca do Inferno e o António Cunha era uma autoridade digna de figurar ao lado de outros monstros da capital do Império, particularmente daqueles que haviam fundado a União Lisboa.
Depois surgiu a catrefada de humoristas que se conhece desde o «Levanta-te e Ri» e, subitamente, os Delfins foram expatriados. Eram de Cascais e estavam longe do marxismo de caviar. Betos lhes chamaram e gostar deles passou a figurar na lista de indecências e parolices concebida pelos vitorianos cá do burgo. Se querem um exemplo de como o poder se manifesta mais nos processos do que nos sujeitos, aí o têm. Esta coisa de persistir em adequar os gostos dos outros aos nossos não é feitio; é mesmo defeito. E parece não haver como escapar. Se anuímos é porque sim, se não anuímos é também porque sim.
Os Delfins não deixam de ser uma Laranja Mecânica: não escaparam aos processos mais extremados. Desfrutaram disso mas também padeceram dos mesmos efeitos.
Passado algum tempo de toda essa convulsão, digam-me: valeu a pena?
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