domingo, 18 de abril de 2010

As máquinas de James Cameron



Os objectos são tão ou mais importantes nas nossas vidas do que algumas pessoas. E não falo da utilidade decisiva de determinados utensílios na satisfação dos desejos; ou não falo apenas disso. Refiro-me também à relevância de tudo quanto nos rodeia no que diz respeito à determinação daquilo que somos. A cultura não é, por isso, apenas aquilo que se cria mas também as recriações que se geram na nossa interacção com as coisas.
O que nos dizem então estas maquinetas do James Cameron? No filme Aliens, Ripley socorre-se de uma máquina – há boa maneira do desenrasca - para lutar contra a natureza. Por obra do acaso a máquina estava ali; Ripley sabia manobrá-la e encontrou-lhe uma utilidade desconhecida. No Avatar, a máquina é concebida com o intuito preciso de chacinar quem se lhe oponha.
Nos dois filmes as máquinas estão do lado do Homem. A diferença é esta: quando o Homem aparece como vítima, é uma máquina colocada nas condições mais aleatórias que o salva. Quando o Homem é o algoz, a máquina pré-concebida e cientificamente projectada com um determinado intuito não lhe vale de nada.
Parece que o Homem está destinado a ser bem sucedido apenas quando não se dá ao trabalho de projectar as coisas. Ninguém o diria: James Cameron é o realizador mais calculista da história de Hollywood e, aparentemente, não tem razões para se queixar.

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