sábado, 29 de janeiro de 2011
The Box / HAL 9000
Há algo de perturbante no translúcido. O vidro, por exemplo, quando lustroso e ovalado sugere-nos sempre um mundo tecnologicamente evoluído. Se lhe acrescentarmos uma luz ou um tom avermelhado, eis o futuro nas nossas mãos. É difícil explicar porque é que certas substâncias, cores, corpos, formas ou tons nos indicam ou se insinuam como o garante de um estado de coisas qualquer. Porque é que o branco se implantou na ciência? Talvez por denotar pureza, expurgação do que quer que seja. Os cientistas, os médicos, todos eles usam bata branca. E nos anúncios de detergentes, o homem que veste bata branca está autorizado a dizer o que lhe apetece. Vistam bata branca em casa e digam às vossas esposas que querem fazer um ménage a trois e logo tomarão consciência do poder do laboratório.
É por isso que ninguém confia nos anúncios da Calgon, e são, afinal, as máquinas de lavar roupa que continuam a sofrer com a nossa instintiva adequação à simbologia das cores. Naquela marca, ainda ninguém percebeu que a Verdade veste branco. O problema daqueles homenzinhos que nos vêm falar do calcário não é o facto de serem piores actores do que o saudoso Max, o cão polícia. É mesmo por vestirem de azul.
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