sábado, 29 de janeiro de 2011
The Box / HAL 9000
Há algo de perturbante no translúcido. O vidro, por exemplo, quando lustroso e ovalado sugere-nos sempre um mundo tecnologicamente evoluído. Se lhe acrescentarmos uma luz ou um tom avermelhado, eis o futuro nas nossas mãos. É difícil explicar porque é que certas substâncias, cores, corpos, formas ou tons nos indicam ou se insinuam como o garante de um estado de coisas qualquer. Porque é que o branco se implantou na ciência? Talvez por denotar pureza, expurgação do que quer que seja. Os cientistas, os médicos, todos eles usam bata branca. E nos anúncios de detergentes, o homem que veste bata branca está autorizado a dizer o que lhe apetece. Vistam bata branca em casa e digam às vossas esposas que querem fazer um ménage a trois e logo tomarão consciência do poder do laboratório.
É por isso que ninguém confia nos anúncios da Calgon, e são, afinal, as máquinas de lavar roupa que continuam a sofrer com a nossa instintiva adequação à simbologia das cores. Naquela marca, ainda ninguém percebeu que a Verdade veste branco. O problema daqueles homenzinhos que nos vêm falar do calcário não é o facto de serem piores actores do que o saudoso Max, o cão polícia. É mesmo por vestirem de azul.
Pedro Namora / João Baião / Durão Barroso
Enfim uma tripla; torna mais fácil o jogo que é barato e dá milhões.
Não me perguntem porquê, mas há algo que liga estes três homens. Não é pelo facto de eu não o saber explicar que vos peço que não me perguntem. É simplesmente porque me exigiria um esforço que não estou disposto a despender. Basta olhar para os rostos para nos apercebermos que, pois sim, talvez eles não sejam assim tão parecidos, mas, no fundo, não é necessário que pisquemos o olho uns aos outros para chegarmos lá, a esse lugar onde se dá o nosso comum acordo. É ou não é assim? Façam lá o favor de consentir que há um factor comum entre estes homens que se há-de tornar no nosso. Esta é a nossa partilha.
Estou consciente que poderíamos distender indefinidamente esta cadeia. Há sempre alguém que guarda o traço do comum partilhado por esse rosto mais próximo. Talvez sejamos todos parecidos uns com os outros.
A genética, mais do que Freud, explica. A genética, hoje, explica tudo. É a genética e o facto de nos esquecermos que o adultério sempre adultera todas as nossas contas.
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
Adelino Granja / Oliveira Costa
É impressão minha ou é o mesmo gajo que anda a galgar entre o «Caso BPN» e a «Casa Pia»? Já alguém os viu juntos?
Responder-me-ão: «Ah pois… o Pedro Namora também é parecido com o João Baião, que se saiba nunca estiveram juntos, e isso não significa que sejam a mesma pessoa.»
Claro que não, caríssimos. O João Baião jamais conseguiria apresentar o "Portugal no Coração" de tarde e mandar bitaites sobre o processo Casa Pia à noite.
Mas os indivíduos aqui apresentados como sendo presumivelmente a mesma pessoa são de outra estirpe. Morenos, magros como se talhados em madeira, lentos e pacientes, camaleónicos; um, arguido no caso de Porto Rico, outro, ex-casapiano advogado de Joel, também este casapiano e alegada vítima de pedofilia.
Dir-me-ão: “Nunca vês senão aquém das aparências. Então não se nota perfeitamente que o Adelino Granja é mais magro? Repara nas maçãs do rosto e nas covas pronunciadas de um e na palidez mal dissimulada de outro.”.
Admitamos então a seguinte hipótese: não é perfeitamente crível que o indivíduo em questão se atafulhe de bolas de Berlim para protagonizar o papel de banqueiro e se submeta a uma dieta holo-cáustica para dar credibilidade à personagem de advogado ex-casapiano?
Aqui para nós que ninguém nos lê: o que prova, sem contestação, que o Bibi é, também ele, um actor nas mãos de encenadores bem-intencionados? Obviamente o facto de ter passado a usar óculos nas entrevistas. Alguém pensou que lhe dava mais credibilidade. É fácil imaginar a sugestão de um iluminado: «Olha lá! E se puséssemos uns óculos ao gajo? Não achas que lhe dava mais credibilidade?».
Eu digo que ainda falta alguma coisa; atafulhem-no de bolas de Berlim, pintem-lhe o cabelo de branco e ficará igual à Catalina Pestana.
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