quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Gaston Bachelard / Leon Tolstói



Eu sei. É tão fácil quanto absolutamente gratuito pegar em dois homens de barba comprida e branca e dizer que são parecidos. Poderia, sem dúvida, pegar no Pai Natal e no Dr. Pinto da Costa que o resultado redundaria no mesmo.
Os asiáticos de olhos em bico também são todos parecidos. E nós ocidentais seremos, porventura, aos olhos dos olhos em bico, todos iguais. Isto não deixa de me sugerir que as semelhanças estão mais naquele que vê do que nos objectos medidos. Há pessoas que não encontram semelhanças em nada. Para elas tudo é diferente. Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. E seria de facto mais interessante se assim fosse. A natureza esforça-se e mata-se pela variedade, é certo. Mas, como pensava Darwin - senhor de barba branca e comprida que teria também aqui o seu lugar - essa luta pela variedade, que é a luta pela sobrevivência, dá-se menos entre espécies diferentes do que no seio da própria espécie. É talvez por isso que nos andamos a comer uns aos outros.

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