quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Mezut Özil / Serge Gainsbourg




Será recorrente a apresentação de personalidades ligadas ao planeta do futebol. O Luís Freitas Lobo chama-lhe assim: planeta, ao invés de mundo. Ora, como nada acontece por acaso, e porque as escolhas obedecem a causas que se interligam numa cadeia infinita porque também inconsciente, gostaria de reflectir acerca deste «planeta». Porquê planeta e não mundo?
Em primeiro lugar porque mundo é também um adjectivo: aquilo que é puro e limpo. Perceber-se-ia, à partida, a lógica elementar que acompanha esta terminologia. A pureza no futebol seria contranatura, absurda, impossível, ilógica, irracional, enfim, seria a própria negação do jogo, o seu vazio, o seu buraco negro. E se fosse possível sermos sumamente subjectivistas, ainda assim, a única pureza que encontraríamos no futebol seria a raiva com que espumamos diante dos nossos adversários. É aí que reside toda a potência do jogo.
Freitas Lobo chamou-lhe planeta. Convenhamos que é uma palavra menos rica em significados. Ela remete-nos mais para a física do que para a metafísica. Endereça-nos para a mecânica. O mundo traz consigo uma espessura ficcional que o planeta dissolve. E paradoxalmente, não sei se por obra das obras de ficção científica, a palavra planeta não pode deixar de nos sugerir a vida alienígena. Pois é disso que o futebol anda cheio e é nisso que o futebol se parece com tantas coisas. A comprová-lo: as orelhas e olheiras do Ozil e do SG.